Na época governava Portugal, o Rei D. Dinis testemunhou um acontecimento milagroso aos arredores de Zêzere.
Uma aldeia na época chamada Tonéis, que segundo a lenda era dote, pertença da Rainha D. Isabel, que já se chamava Santa, foram ouvidos pelo seu feitor, de nome, Guilherme de Pavia, gemidos lastimosos vindos da mata além da região do Zêzere.
Parece que Guilherme de Pavia, tendo ido para Coimbra, deu a notícia à Rainha, dizendo tinha ouviu gemidos na mata, foi quando então ela lhe disse, fica com a Virgem Maria, ela quer vir para as suas terras.
Ele era cuidadoso, e quando voltou a ouvir tais gemidos, procurou, para descobrir se havia naquele local alguma imagem de Nossa Senhora.
Para levá-la até a igreja. E assim aconteceu!
Guilherme ouviu novamente os gemidos melancólicos, vasculhou a mata e encontrou uma antiga e bela imagem da Virgem com Jesus morto em seus braços, uma imagem em pedra muito pesada que teria de ser transportada até o rio em carro de boi, para então fazerem a travessia de barco, voltando a ser transportado em carro de boi, até a igreja.
Mas esta constatação foi feita já fora do terreno de Villagaya, freguesia de Cernache o Bom Jardim.
E como o acontecimento ficou muito conhecido, veio o povo dessas terras exigir a imagem como sua por direito, colocando-se na frente dos bois a fim de obrigá-los a conduzir o carro até Cernache do Bom Jardim.
Só os animais empacaram de modo que nem fala mansa, nem balcões ou aguilhões para incentiva-los a andar, os faziam levantar as patas do chão e não se moviam, retirou a canga dos bois, virou o carro em direção à outra terras, e com os bois novamente afixados no carro, eles começaram a andar sem dificuldade!
Todo o povo viu e acreditou, conforme a vontade de Deus.
Guilherme não deixou de ir a Coimbra dar a notícia à Rainha, Santa Isabel, que logo se apressou a vir a Cubas assim, os primeiros peregrinos a rezar diante da imagem de Nossa Senhora, que então se chamava Senhora das Lágrimas.
E os milagres começaram a acontecer!
O povo da terra, teve Nossa Senhora das Lágrimas por padroeira e protetora.
Aquelas terras estariam para sempre sob sua proteção!
Os terrenos no entorno do povo, hoje região de Dornes, estiveram para sempre isentos de pragas e flagelos nas suas culturas, como aconteceu com o pulgão-praga e a lagarta, em 1697, que dizimou as colheitas em muitos locais de Portugal, em Dornes nada de mau aconteceu!
A peregrinação dos devotos, que tinham começado logo que a imagem milagrosa foi encontrada, os milagres da Virgem Maria, foram acontecendo, aconteceram por anos, não só para pedir a cura dos enfermos, e muitas outras aplicações, que deu alento ao povo, e levou a Dornes a ir em peregrinação de penitência, oração e piedade, obter a proteção das colheitas, com a expulsão de qualquer praga que as atacasse.